quinta-feira, março 23, 2006

Como escrever uma recensão? O problema do estilo de escrita

Como escrever uma recensão?

O problema do estilo de escrita: algumas sugestões.

"O estilo

[...] Não receie as correcções, não se deixe desmoralizar pelas inúmeras emendas que possam ocorrer numa primeira fase de escrita. Não esqueça que só a versão final será avaliada, pelo que todas as sugestões de aperfeiçoamento do estilo e da linguagem devem ser bem-vindas ao longo do processo de escrita.
Uma tese [...] não é um texto literário, pelo que deve resistir a tentar persuadir o leitor com artifícios retóricos próprios de um texto de ficção ou de um texto poético. Na prática, há muitos preceitos a seguir, que tentaremos resumir:

Não usar expressões de convencimento do tipo:

“É claro que...”
“Sem dúvida que...”
”É evidente que...”
“Não restam dúvidas...”
“Obviamente...”
“Indiscutivelmente...”

Estas expressões indicam que o autor está absolutamente convencido da verdade do seu discurso, o que pode sugerir que quem lê este discurso é ignorante dessa verdade. Por outro lado, indicam que o autor não está disposto a discutir as suas ideias, que adopta uma postura pouco humilde, o que é contraproducente de quem se espera abertura para o diálogo científico.
Não abusar da terminologia científica da área a que a tese pertence. Um excesso de terminologia técnica, em particular aquela que é criada ou transportada para a investigação específica que se desenvolve, pode alimentar um discurso hermético e autotélico. De certeza que terá de recorrer a um vocabulário específico, mas faça-o com moderação e oportunidade.

Preferir frases curtas e evitar as paráfrases (por exemplo, em vez de escrever “neste momento em que estamos”, é preferível “agora”).

Não escrever longos parágrafos, mas também não se deve optar por um excessivo número de parágrafos, como se de uma lista de factos e observações se tratasse.

Evitar a voz passiva, que não é apreciada no discurso científico e não raro produz incorrecções no uso dos particípios irregulares. Em vez de “A participação do Estado foi avaliada”, escrever “Avaliei a participação do Estado”. Se quisermos evitar a subjectividade do discurso, podemos optar por um registo impessoal do tipo: “Avaliou-se a participação do Estado”.

Evitar a todo o custo o recurso à adjectivação. O adjectivo é um dos grandes inimigos do discurso científico. Expressões do tipo “este extraordinário livro”, “o excelente autor” ou “esta luminosa ideia” não são aceitáveis num trabalho académico. O mesmo é válido para o abuso de advérbios de modo e de orações relativas.

É muito útil ter sempre à mão um prontuário ortográfico e um dicionário de sinónimos (a maior parte dos processadores de texto actuais incluem estas ferramentas).

Para os casos de certas formalidades de estilo e de composição, consultar diversos manuais. Consulte o seu orientador sobre as obras que melhor se adaptam às exigências particulares do seu programa de doutoramento e da instituição a que pertence. Para a língua inglesa, os mais completos e os mais recomendado manuais de estilo são, nos EUA, MLA Handbook for Writers of Research Papers (4ª ed., MLA, Nova Iorque, 1995) e no Reino Unido, MHRA Style Book (4ª ed., MHRA, Londres, 1991); para a língua portuguesa, consulte por exemplo, Normas para Apresentação de Trabalhos Científicos (3ª. ed., Presença, Lisboa, 2000), de Carlos Ceia".

Autor: Carlos Ceia

Site: http://www.fcsh.unl.pt/docentes/cceia/guia-teses3.htm#AS%20PARTES

Normas de apresentação do trabalho prático (são mesmo para seguir visto que este aspecto será tido em conta na avaliação)

1. Apresentação

O texto, cuja redacção deve ser definitiva, terá de ser apresentado a 2 espaços (regra que abrange também as notas), em folhas de A4, contendo cada uma 30 linhas

2. Chamadas de notas ou notas de rodapé

Nas chamadas de notas utilizar apenas números, e não números entre parêntesis. Os números das notas devem ser seguidos do princípio ao fim do artigo.

3. Transcrições ou citações

a) Quando fizer uma transcrição ou citação, há que ter o cuidado de abrir e encerrar a mesma com comas. Se se omitir texto, deve a mesma omissão ser representada por três reticências entre parênteses rectos: [...] Se se acrescentar texto, deve o mesmo ir igualmente entre parênteses rectos. Se a transcrição se inicia no começo de um período, portanto com maiúscula, não pôr reticências com parênteses mesmo que haja texto antes. Se a transcrição acabar em ponto final, não pôr reticências entre parênteses mesmo que haja mais texto a seguir.

b) Ter o máximo cuidado com a transcrição de nomes estrangeiros e de números.

4. Bibliografias e citações bibliográficas

a) Nas bibliografias, as indicações deverão ser sempre tão completas quanto possível. No caso de livros devem ser sempre indicados o autor, o título integral, local de edição, editora e ano de publicação. No caso de revistas devem ser indicadas o autor e o artigo (se for caso disso), o título da revista, local de publicação, número, volume e data.

b) Nas bibliografias, os nomes dos autores devem respeitar a ordem alfabética dos apelidos, que figurarão, portanto, em primeiro lugar.

c) Nas citações bibliográficas em notas, os nomes dos autores devem figurar pela ordem normal: João Ferreira de Almeida, e não Almeida, João Ferreira de.

d) Os nomes das publicações (jornais, revistas, livros, relatórios, documentos, etc.) vão sempre em itálico:O Envelhecimento da População Portuguesa

e) Os títulos incluídos em qualquer publicação (jornal, revista, livro, etc.) vão sempre entre comas e em minúsculas (excepto a primeira letra da primeira palavra): "O sector empresarial do Estado", in Análise Social

f) Nas citações bibliográficas utilizar sempre as seguintes abreviaturas: cap. (capítulo) ed. (edição) fasc. (fascículo) liv. (livro) p. (página) pp. (páginas) s.l.n.d. (sem lugar nem data)segs. (seguintes) t. (tomo) tít. (título) trad. (tradução, traduzido) vol. (volume)

g) Nos capítulos, tomos, volumes e títulos empregar numeração romana.

h) Vários exemplos de citações:

Livros:

A. Sedas Nunes, Questões Preliminares sobre as Ciências Sociais, Lisboa, Gabinete de Investigações Sociais, 1977, pp. 23 e segs.

Manuel Villaverde Cabral, O Operariado nas Vésperas da República, Lisboa, Gabinete de Investigações Sociais, 1977, p. 93.

Artigos de revistas ou de livros:

José Barreto, "Modalidades, condições e perspectivas de um pacto social", in Análise Social, Lisboa, nº 53, 1978, pp. 86 e segs.

John B. Mays, "The subculture and the school", in Maurice Craft (org.), Family, Class and Education, Londres, Longman, 1972, p. 170.

5. Fontes históricas documentais

As citações devem incluir, tanto quanto possível, autor e título do documento (o título entre comas), data, instituição onde se encontra arquivado (itálico) e as referências que o permitem localizar nesse arquivo:"Carta do governador de...", 1 de Julho de 1601; Arquivo Histórico Ultramarino, S. Tomé, papéis avulsos, doc. nº 30. 6.

6. Recursos electrónicos:

Trabalhos individuais: Autor, Título, Ano de colocação na Web, Protocolo disponível em: http://site, [Data de acesso: data de acesso por extenso].

Exemplo:

José Silva, A metodologia em ciências sociais, 1999, Protocolo disponível em: http://tese.com, [Data de acesso: 2 de Maio de 2003].

Artigos de revistas:
Autor, «Título», in Título da revista, Volume, Data, páginas, Protocolo disponível em: http://site, [Data de acesso: data de acesso por extenso].

Exemplo: José Silva, “O inquérito por questionário”, in Revista Electrónica de Sociologia, Vol. 1, nº 2, Maio de 2001, pp. 5-10, Protocolo disponível em: http://www.revistasoc.com/vol1/silva.html [Data de acesso. 5 de Maio de 2003].

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Modelo para uma recensão...

Como alguns alunos levantaram dúvidas em relação ao trabalho prático, vou dar algumas dicas para a sua elaboração.


O trabalho consiste numa recensão crítica que será colocada num blog como informação. O meu critério será simples: as boas recensões serão naturalmente as que serão ser publicadas neste blog.

NÃO SE ESQUEÇAM QUE O TRABALHO PRÁTICO DEVE SEGUIR RIGOROSAMENTE ESTE MODELO.
1.IDENTIFICAÇÃO DO TEXTO. Exemplo de identificação:Émile Durkheim, O Suicídio: Estudo de Sociologia, 2ª Ed., Lisboa, Ed. Presença, 1977, 470 p.
2. MATÉRIA/CONTEÚDO DO TEXTO
2.1. Género ou tipo de livro/texto
2.2.Tema (resumo da ideia-mestra do texto)
2.3. Público (ao qual se dirige o texto, quem poderá ficar interessado por este texto: estudantes? Professores? Sociólogos? Operários?)
2.4. Tese central (o que o autor do texto quer demonstrar: desenvolva apenas o resumo da ideia central sem entrar na argumentação; trata-se de explicitar o assunto ou problema que quer resolver)
3. ANÁLISE EFECTUADA PELO ALUNO
3.1. Impressões a quente (impressões pessoais do aluno (s) logo após a leitura do livro ou texto)
3.2. Contrução e conteúdo (Um resumo do texto. Os pontos fortes na estrutura do livro, ou seja, quais os momentos centrais que definem o texto - escolha as citações mais importantes colocando-as entre aspas e indicando de uma forma abreviada o autor, ano de publicação e a página onde se situa a citação do texto original. Ex: (Durkheim, 1977: 26).
3.3. Apreciação (ponto de vista pessoal do aluno mas explicando sempre o porquê. Por exemplo: quais foram os aspectos em que se sentiu convencido e aqueles em que ficou com dúvidas?)3.4. Seguimento a dar (acções a empreender ou leituras complementares a efectuar pelo aluno para entender melhor a tese do autor): _______________________________________________________
[adaptado de Pierre Lemaitre e François Maquére, Saber Aprender, Lisboa, Publicações Europa-América, 1989, p. 85]

"Como fazer uma recensão crítica?

Uma recensão é um trabalho de apresentação de uma obra literária, concentrando-se no seu conteúdo e no contexto em que a obra surge a público.

0 texto de recensão obedece a algumas regras formais específicas, que a seguir se procuram simplificar:
1. Não deve exceder as 1500 palavras, em casos de pequeno espaço de divulgação editorial; deve ter cerca de 5000 palavras, no caso de destaque editorial.
2. Não pode conter notas de pé de página.
3. Identifica, na entrada, 1) o título do livro, 2) o autor, 3) a editora, 4) a cidade de edição, 5) o ano de edição. Caso se trate de uma tradução é necessário também incluir o nome do tradutor.

Do ponto de vista da descrição do conteúdo da obra recenseada, inclui-se:
1. Uma explicitação objectiva do assunto.
2. A posição crítica do autor.
3. 0 contributo da obra para o conhecimento (dentro da área científica ou literária em que se enquadra).

De preferência, deve a recensão incluir o ponto de vista do recenseador- leitor da obra, apresentando sucintamente os pontos de discórdia ou concórdia em relação às teses defendidas pelo autor da obra".



Autor: Carlos Ceia

Site: http://www.fcsh.unl.pt/docentes/cceia/guias_recensao.htm